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Irene Dias
São Luís / MA

 

Amo o meu melhor amigo

 
O telefone tocou.
Era Roberto que me convidada para ir à praia.
Eu aceitei sem hesitar e horas depois estávamos na praia com alguns amigos.
Roberto e eu nos conhecíamos há muito tempo. Roberto era um rapaz muito bonito, apesar dos seus trinta anos de idade não faltavam gatinhas para paquerá-lo.
            Eu era sua melhor amiga e disso eu não tinha dúvidas. Às vezes brincávamos como duas crianças de que o mundo parecia ser apenas de nós dois. A amizade que nos unia era perfeita, havia uma confiança entre nós tão profunda que não escondíamos nada um do outro e eu acreditava nisso.
            Os dias foram passando e o tempo também, eu e Roberto nos tornamos tão amigos que aos poucos fui descobrindo que o sentimento que agora me unia a ele não era mais amizade, pois, o mesmo havia se transformado pouco a pouco nada mais nada menos que um grande amor.
            A situação era tão delicada, eu tinha receio, talvez medo de contar tudo a ele e assim eu me transformei numa garota chata, brigona e às vezes cruel só para ele não perceber.
            Tudo se transformara, a amizade parecia não existir, tinha horas que eu o fitava e quando sentia que me olhar eu tirava os olhos, com receio que ele descobrisse ou percebesse algo.
            Roberto tinha uma namorada, era tão linda que eu jamais ousaria disputá-lo com ela, eu tinha plena certeza que ela ganharia.
            Ele me falava muito dela, me contava coisas que só um amigo sincero e verdadeiro confia a uma verdadeira e sincera amiga.
            Às vezes eu dizia para ele:
- Essa tua namora é uma chata, eu a detesto sinceramente.
- Ele triste me respondia, eu não sei por que, mas eu desconfio que tu não gostas de minha namorada.
- Eu para não dar bandeira tentava despistar pedindo desculpas.
            Era assim que eu e Roberto vivíamos e agora com seus amigos na praia eu estava me sentindo tão, tão rejeitada, porém eu teria que disfarçar.  Roberto jamais deveria perceber nada.
            De repente a chata da namorada dele chega, meus olhos perderam o brilho e eu só queria sumir dali.
            Ele a beijou nos lábios para em seguida me cumprimentar.
- Como vai Renata?
- Tudo bem Regina e você?
- Estou bem querida, muito bem.
            Eu senti sarcasmo em sua voz, por isso me levantei da mesa na qual estávamos e falei que ia dá uma volta.
            Paulo, um amigo que estava conosco, se ofereceu para acompanhar-me e eu achei melhor recusar, visto que não estava afim de companhia naquele momento. Eu estava me sentindo péssima e estava preferindo ficar sozinha.
            Sai caminhando pela praia sem rumo, acho que andei durante horas até que sentei a beira d’água e fiquei a molhar os pés e olhando o horizonte.  De repente tomei um susto danado com aquela mão no meu ombro.
- Não precisa se espantar sou eu Roberto.
- Desculpe-me eu não pensei que fosse você.
- E você pensou que fosse quem? Você esperava alguém? Ele quis saber contrariado.
- Claro que não, eu não esperava ninguém é que me assustei só isso.   
            Aquela reação me pareceu um tanto estranha, eu nunca o vira zangado daquele jeito, aquilo estava parecendo ciúme.
- È que você demorou e eu vim te procurar para irmos embora, todos já foram.
            Roberto sentou-se ali ao meu lado e nossos olhos se cruzaram, eu mais que depressa desviei o meu olhar.
- Renata porque você não me encara, você parece ter medo de olhar nos meus olhos, você tem algo a esconder?
- Claro que não, você tem cada ideia...
- Vamos então...?
            Ele levantou pediu minha mão e me ajudou a levantar. Nisso meu corpo foi de encontro ao dele, eu tremi só de pensar no que podia acontecer, tinha medo de me trair.
- Você está tremendo disse ele.
            Seus olhos procuravam os meus com ansiedade e seus braços me apertavam com tanta força, sua boca procurava a minha com tanto desejo que eu tive medo.
            Nossas bocas se tocaram lentamente e um beijo suave nos uniu com tanta força que naquele momento não precisava de palavras, nossos corpos falavam por nós. Quando nos separamos:
- Então você está apaixonada por mim? Ele perguntou.
- Claro que não, eu não sei do que você está falando...
- Você sabe sim, Renata.
            Roberto puxou-me de encontro a seu corpo e me apertou com mais força, com sua boca ao meu ouvido ele murmurou.
- Eu te amo Renata, tanto que já não podia suportar sua indiferença, eu não aguentava mais viver sem você, por favor, diga que eu não estou sonhando e que me ama também. Acabei de terminar tudo com Regina, já que não parava de pensar em você.
- Eu te amo Roberto, com tanta força que eu não sei se existe amor igual, eu te adoro meu amor.
            Nossos corpos tornaram a se unir, nossas bocas a beijar porque do amor não se pode fugir ou se omitir por muito tempo.
            Ali naquela praia deserta num fim de tarde eu senti o amor e a felicidade. Eu conheci, descobri e percebi a verdadeira razão de um homem e uma mulher viverem uma vida inteira juntos. E eu tinha plena certeza que eu e Roberto viveríamos com intensidade aquele grande e inusitado amor para todo o sempre.

 

   
Conto publicado no livro "Seleta de Contos de Grandes Autores Brasileiros"- Edição Especial - Julho de 2015