Eva Maria de Cougo Souto
Florianópolis / SC

Lembranças da minha vida

 
Lembrança linda da minha infância. Meu pai era telegrafista da Viação Férrea no Rio Grande do Sul. Até meus onze anos morávamos em casas construídas próximas aos trilhos.
Quando surgiram as máquinas a diesel, as moradas que eram construídas de tábuas, e  estremeciam.
Brincávamos de caminhar em cima dos trilhos, brinquedo simples para nós. Na fumaça que as máquinas soltavam, víamos figuras.
Quando meu pai era removido, nossa mudança era transportada no vagão de carga. O vagão era fechado e tinha uma porta grande de correr. Que aventura linda para nós pequenos, junto iam o cachorro e a vaca. Lembro-me que em uma das mudanças, o trem começou a correr muito, meus pais apavorados, mas nós contentes com a rapidez. Não estávamos entendendo o perigo, o trem havia perdido o freio. O maquinista experiente quando passamos por um lugarejo colocou o trem em um desvio, salvou-nos de uma virada.
Os trens de carga transportavam gado, porco, etc. Os vagões possuíam aberturas para que a ventilação penetrasse. Os guarda-freios caminhavam em cima do trem em movimento, eu ficava extasiada.
E os trens de passageiros, que maravilha! Quando meu pai entrava em férias, íamos visitar as famílias; a família de meu pai em Bagé e a da minha mãe em Airosa Galvão. Tinha o carro-restaurante, fazia-se o pedido, o garçom ia entregar, eu achava chique. O que eu mais gostava era o sanduíche e de tomar gasosa (assim chamávamos o refrigerante).
Nossa última mudança em trem, eu tinha doze anos, de Cerro Chato para São Gabriel. Lá meu pai aposentou-se, viveu até aos oitenta e três anos. Lembro também do trem pagador, a máquina com um vagão. O salário era entregue dentro de um envelope.
Quando casei, aos vinte anos, meu marido e eu viajávamos de São Gabriel até Bagé, no trem Minuano, era um lindo trem, confortável.
Algumas vezes viajávamos com nossas pequenas. A última vez que viajei de trem eu tinha vinte e seis anos e foi de São Gabriel até Bagé.
Ótimas recordações.