Marcia Ayres Dugo
São Bernardo do Campo / SP

A ti me rendo

 
Verdade!
Por todos os lados,
Tentei fugir...
Tensão, agressões, provocações
E o coração “nem aí”...
A cabeça a todo custo tentou
E tenta fazer o coração “se tocar”,
Mas qual, ele só quer mesmo é pulsar...
Foge!
Sem parar a razão a insistir
E mais e mais o coração a te querer...
O que fazer?
Quando tudo parece do controle fugir?
Já sei...
Ignorar-te e ocupar-me vou
Com outros afazeres que cansem
E me façam dormir...
Ilusão...
Durmo pra te esquecer
E sonho com você...
Sobressalto ao despertar...
Preciso ouvir tua voz!
Ligo-te e mais uma vez a inépcia nos domina...
E as energias se entrelaçando mais e mais,
Santo Deus onde isso vai parar?
Vamos lá, nem te conheço...
Deve ser carência,
De algo que busco pela vida sem encontrar...
Quem sabe n’outra...
Ai... Ai... Ai...
Não vou mais lutar não!
Quero não.
Quero sim.
Não quero querer-te,
Mas te quero...
Não quero amar-te,
Mas te amo...
Não quero ficar,
Então vou...
Cada vez mais pra dentro de mim
E é lá, bem lá que te vejo,
Sentadinho, quietinho
A me olhar e sorrir
E sorrindo nada dizer
E no silêncio,
Escabroso silêncio
A me estender os braços
E num fundo, profundo abismo...
Abraçados caímos e
Caindo vamos vestindo as vestes de outrora,
Uma a uma nos presenteando
Com um entendimento
Inexplicável,
Inefável...
Retornamos às nossas vidas,
Agora mais mansos,
Resignados...
Amo-te sempre
E deixarei ‘rolar’ a mais doce e pura emoção
Pra o momento em que merecermos um ao outro
Na dimensão do imediato contato do olho a olho...
Decididamente e sem mais defesas,
A ti me rendo.