Tiago Paradiso de Oliveira Real
São Paulo / SP
Este dia chegou
Finalmente, este dia chegou! Tudo era novidade. Olhar atento. Coisa de outro mundo. Nunca havia estado ali ou vira algo igual. Exclamação momentânea. Lembrou-se de sua pretensão. Respirou fundo. Percorreu o caminho para o qual foi indicado. Tentou passos curtos, tímidos. Não era ruidoso. Em vão. Fora percebido por todos dos poucos que ali já estavam. Ao acaso, fitou alguns deles. Gesto instintivo de autodefesa. À frente, diversas poltronas. Várias delas vazias. Sentou-se em uma. Noutra, depois. Em instantes, já tinha estado em cinco assentos diferentes. Resolveu firmar-se na quinta e última poltrona que escolhera. Sobre o pulso, em um relógio quase esquecido pelo nervosismo, presente já antigo, checou as horas. Cinco da manhã. Amparado pela coragem e por um papel que retirou do bolso da camisa, questionou a alguém: “Por favor, seria aqui mesmo?” A partir de então, possuidor de uma resposta positiva, voltou a sentar-se. Batidas à mente: impaciência. De novo, relógio em cena. Ponteiros marcavam às cinco e quinze. Não, cinco e dezesseis. Não... Passou a acompanhar a corrida dos segundos. Avanço impiedoso do tempo. Angústia. Novamente, respirou fundo. Restabeleceu-se. “Esse papel marca às cinco e quarenta. Não nos chamarão para embarcar?”, voltou a perguntar ao mesmo alguém. A réplica pareceu-lhe satisfatória e confortante: “O voo está atrasado, não se preocupe.” No saguão de espera do aeroporto, demonstrou imediata gratidão a quem lhe ofereceu ajuda: “Senhor, agradeço e peço desculpas. Sou ‘marinheiro de primeira viagem’!”
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