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Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

Traumático verso que ainda sente dor

A dor entra no corpo como traço imperfeito
E se aloja no mundo interior, escuro e sombrio
Ocupando um entre-lugar não-ocidental, acidental
No sentimento fugaz dos sobreviventes entes sem lentes
E como estranho símbolo sem definição
As imagens se torcem e distorcem
Como versos ocos e deformados
Como uma chama que tenta se apagar
E se fortalece como uma fênix transgressora
Das experimentações humanas desumanas
Renascendo das cinzas para não permitir o fechamento
De suas sofridas cálidas asas
Que presas ao passado ainda sobrevive nas margens do incompleto presente
Como passagem que não passa,
Como uma estranha rosa incapaz de se desabrochar em sua rotineira cotidianidade
E nos corpos que se espalham nos espaços desistoricizantes de almas quebradas,
Ele prepara sujeitos fragilizados, que beberam na taça da violência
Taça que fez dos humanos homens desumanos
Traçados, maltratados, colonizados, fraturados por uma guerra sem vencedor
Onde só a memória como cega e vagante consegue ainda coordenar o espaço
Inscrevendo nos corpos uma possível historia
Manchada por um espaço inlocalizável, fugidio, disperso
Na pancada marca da dor negra, neutralizada e traumatizada
Silêncio que grita no interior de um verso que ainda sente dor
Silêncio. Sons que transformam os fatos em apenas traços
Doloridos traços que alguns chamam de trauma
Verso ferido na alma,
Que não mais conseguiu se ajustar em nenhum poema
Porque ele se transformou em um verso que não tem lugar fixo pra habitar.

 

 

 

   
Poema publicado na "1ª Seleta de Versos da L.A.L.B." - Edição Especial - Abril de 2014