Primeira vez neste site? Então
[clique aqui]
para conhecer um pouco da CBJE
Antologias: atendimento@camarabrasileira.com
Produção de livros: cbje@globo.com
Contato por telefone
Antologias:
(21) 3393 2163
Produção de livros:
(21) 3547 2163
(21) 3186 7547

Iane Giselda de Cougo Souto
Florianópolis / SC

 

O restaurante

Lucélia era dona de casa, morava no Flamengo, no Rio de Janeiro. Seu esposo era Renato, trabalhava no escritório em Niterói. Todo dia pegava a barca e ia viajar. Eles tinham quatro filhos Pedro, Adriana, Clara e Marina.
Eles se amavam muito e a vida era toda dedicada à família. Aconteceu o inesperado: ele conheceu uma senhora no escritório e se apaixonou perdidamente. Não sabia explicar o que estava acontecendo e entrou em conflito, ficou confuso, mas decidiu pela separação.
Ela se desesperou, mas resolveu aceitar, ficou com os quatro filhos e uma pensão do marido. Resolveu trabalhar como cozinheira, se empregou em várias casas. Cozinhava e congelava os alimentos uma vez por semana. Trabalhava em vários bairros: Flamengo, Botafogo, Ipanema, Copacabana e Leblon.
Ele se casou de novo e logo fez outra família e auxiliou-a somente com o essencial.
Ela, apertada, vendeu o apartamento e comprou outro menor no bairro da Tijuca. Deixava os filhos com a mãe durante a semana e iam passar o fim de semana com ela.
Arranjou uma amiga, sua patroa e começou a frequentar a escola de samba no seu bairro. Conheceu um senhor que tocava na bateria e também tocava tambor na banda da escola que ele dava aula de matemática.
Casaram e ela entrou para desfilar na ala das baianas. Eram felizes e os dois desfilaram no carnaval. As crianças assistiram e ficaram deslumbradas.
A vida dela melhorou, retornou a alegria em seus olhos e os filhos voltaram a morar com ela.
Os finais de semana eram na escola de samba. Levavam as crianças que dançavam na ala infantil. Levavam lanche na cesta e faziam piquenique bem gostoso na escola.
O marido era professor numa escola particular durante o dia, à noite ajudava a cuidar das crianças.
Ela continuava trabalhando como cozinheira e estava cada vez mais requisitada, estava conhecida e não faltavam freguesas.
Os quatro filhos ganharam bolsa de estudos na escola do Benedito e ele orientava os quatro na matemática e no comportamento.
Benedito organizou a banda na escola e as crianças ganharam cada uma um tambor. No fim de semana levaram os tambores para escola de samba.
Para felicidade do casal desfilaram no início do ano e a escola foi campeã, a festa na escola foi grande. Lucélia fez o almoço especial: feijoada, arroz, couve, linguiça e aipim. Para tomar batida de limão e limonada.
A festa entrou pela noite e o samba era só alegria para aquele povo que era trabalhador, que dava de tudo pela escola.
Nas férias eles foram à Búzios na casa dos pais de Benedito. Aproveitaram para conhecer as ilha Cabocla, Rasa e Âncora. Almoçaram um bacalhau com batatas e arroz em um restaurante nas praias. Na outra semana foram à reserva da Serra das Emerências e vêm os Micos Leões Dourados. As crianças adoraram e tiraram fotos também das árvores de Pau-Brasil.
Na cidade passearam e foram em muitos bares aproveitar os petiscos gostosos de peixe e camarão, além das deliciosas empadinhas. As crianças ficaram muito satisfeitas com a diversidade de lanches.
Os pais de Benedito ficaram alegres com a nova família do filho e torceram para que seja duradouro o relacionamento.
Retornaram ao Rio de Janeiro repletos de alegria por umas férias tão agradáveis.
Lucélia resolveu montar um restaurante no seu bairro, comida caseira. O negócio deu certo e a feijoada aos sábados lotou o restaurante. Era muito trabalho e conseguira ajuda com uns amigos da escola de samba. Fizera uma boa propaganda e distribuiu no samba, o povo da escola encheu o restaurante.
E assim a vida era somente alegria para o casal e os filhos.


   
Publicado no livro "Xeque-mate" - Contos selecionados - Edição Especial - Novembro de 2014